domingo, 3 de janeiro de 2016

Olá!
Meu nome é Cris Vaz. Sou professora, esposa, mãe, mulher. Gosto de ouvir, ler, observar e de contar histórias. E estou aqui com essa intenção.
Nos meus anos como professora alfabetizadora comecei a descobrir que tinha alguns talentos inatos. A minha cabeça vivia povoada de ideias. Eram tantas as ideias que me faziam gastar horas a fio pensando sobre elas e acabava não sobrando tempo para cumprir a multidão de tarefas que professoras normais têm o dever de realizar diariamente. Que coisa! Criança que não faz tarefa leva bronca e fica de castigo. E as professoras também passam por esses constrangimentos. Não se iludam!
Então, um belo dia, a diretora de uma escola na qual trabalhei, uma pessoa muito amável e querida, chamou minha atenção porque estava com uma pilha quilométrica de deveres não cumpridos. Ela me perguntou com ar muito sério, falando em tom baixo de voz, mas com leves tremores nas bochechas (Ai, ai! Todo mundo tinha pavor daquela tremidinha porque por detrás dela sempre vinham doces palavras que detonavam qualquer ser vivente):
_ Cristina, por que você não fez seu dever de casa?
Respondi-lhe que tinha acordado um pouco mais tarde e tinha ficado pensando nisso, naquilo, naquilo outro. Então, ela me deu uma sacada genial! Sou-lhe grata, pois, se hoje estou aqui escrevendo devo isso àquela conversa memorável. O conselho dela foi o seguinte:
_ Cristina, você pensa demais. Quem pensa demais é filósofo e nesse mundo não tem mais lugar para filósofos. Para de pensar e vai fazer o que tem que ser feito.
Falou isso me olhando por cima dos óculos miúdos, enfiou um pedaço de pão na boca e me despachou para cumprir minhas tarefas do dia.
Depois da chibatada, procurei entregar as coisas em dias. Dormia depois das 11h, acordava às 5 e meia, não tinha sábados, nem domingos, nem feriados. Isso porque só trabalhava no período da tarde.
Com isso, aprendi duas importantes lições que carrego pela jornada da minha vida: primeiro, sou um ser pensante e, ao contrário do que a minha diretora na época queria que eu acreditasse, existe sim lugar para os filósofos, artistas, escritores, conselheiros no mundo. E como o mundo precisa deles. A outra lição aprendida foi que, se eu quisesse continuar na carreira que escolhi com tanto carinho, teria que tentar me ajustar aos detalhes práticos da profissão. Não tem como fugir de algumas obrigações que são chatas pra caramba, que tomam muito tempo e que, muitas vezes não acrescentam nada na nossa formação e nem das dos nossos alunos enquanto seres humanos em evolução.
Por isso a palavra escolhida para dar nome ao blog foi “divagar”. Mas, sobre isso vou falar em outro post.

O que sou é constituído na convivência com o outro e na ressignificação que dou àquilo que de algum modo me afeta. Cris Vaz